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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Duas idades. (SR)


Autor: Sergio L. M. Rocha(*)

Temos duas idades, a do corpo e a da alma.
Das duas, prefiro a idade da alma, ela é mais pura, real e verdadeira.
O corpo envelhece, deteriora, desgasta, enquanto que a alma ganha experiência, vivência e conhecimento.
A idade da alma se move de forma muito mais lenta, quase que imperceptivelmente. O seu curso é mais longo, parece ser eterno.
Diferente da idade do corpo, a idade da alma se caracteriza, em cada um de nós, pelo momento vivido de maior significância em nossas vidas, se na infância, na adolescência ou na vida adulta.
Por isso é comum ouvirmos das pessoas ou de nós mesmos, que temos alma de criança, de adolescente ou de um velho.
Independente da idade que tenha o nosso corpo, somos impedidos ou não nos permitimos agir de forma diferente do esperado. Como crianças, não devemos agir como adultos e como adultos é inadmissível agir como uma criança.
Há muitas convenções, regras, tabus, regulamentos, leis, etc., que nos impedem de ser assim. Os que se arriscam a fazê-lo, sofrem com a reprovação dos demais. Daí a se dizer que depois que nos tornamos adultos, perdemos a pureza da infância.
Não fica bem, não coaduna, é ridículo, é inaceitável, é desconfortável, ... são expressões que cansamos de ouvir e até de dizer, quando manifestações incompatíveis com as idades corpóreas são percebidas.
Quando consideramos a alma das pessoas estas amarras se soltam, desaparecem, se desfazem.
Somos, o que somos, real e verdadeiramente. Por isso, temos a impressão ou a sensação de termos uma idade desajustada da nossa idade atual, ou seja, ou muito jovem, ou muito velho.
Raramente se percebe, a existência de pessoas sem este tipo de movimento temporal.
Não importa,...

O que vale mesmo, é como nos sentimos por dentro, apesar dos cuidados que temos que ter com as portas e as janelas da nossa alma.

(*) Sergio L. M. Rocha é Administrador de empresas e Consultor.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Dietas já?


Autor: Paulo Coelho

Um dos grandes filósofos brasileiros, Tim Maia, disse certa vez: “resolvi fazer uma dieta rigorosa. Cortei álcool, gorduras e açúcar. Em duas semanas, perdi 14 dias”.
Vivo há 28 anos com uma mulher maravilhosa, que de vez em quando perde sua calma e seu bom-humor porque acha que ganhou uns quilos a mais. Será que não estamos exagerando um pouco? Uma coisa é a obesidade, outra é tentar parar o tempo e a evolução normal do organismo.
O pior de todo é que, a cada momento, surge uma nova maneira de perder peso: comendo calorias, deixando de comer calorias, ingerindo compulsivamente gorduras, evitando gorduras a qualquer preço. Entramos em uma farmácia e somos visualmente invadidos por todo tipo de produto milagroso, prometendo acabar com a vontade de comer, com o tecido adiposo, com a barriga, etc.
Sobrevivemos todos estes milênios porque fomos capazes de comer. E hoje em dia isso parece ter se tornado uma maldição. Por quê? O que nos faz procurar manter aos 40 anos, o mesmo corpo de que tínhamos quando éramos jovens? Será possível parar esta dimensão do tempo?
Claro que não. E por que precisamos ser magros?
Não precisamos. Compramos livros, freqüentamos academias, gastamos uma parte importantíssima de nossa concentração tentando parar o tempo, quando devíamos celebrar o milagre caminhando por este mundo. Em vez de pensar em como viver melhor ficamos obcecados com o peso.
Esqueçam isso; vocês podem ler todos os livros que quiserem, fazer os exercícios que desejarem, sofrerem todas as punições que decidirem, e terão apenas duas escolhas – ou deixam de viver, ou irão engordar.
Evidente que é preciso comer com moderação, mas é preciso, sobretudo comer com prazer. Jesus Cristo já dizia: “o mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem”.
Outro dia, estava em um restaurante libanês com uma amiga irlandesa, e conversávamos sobre saladas. Com todo respeito pelos vegetarianos e pelos fundamentalistas da alimentação, salada para mim é, sobretudo uma decoração de prato. Não podemos viver sem ela, mas não podemos tampouco considerá-la como o centro de nossas atenções gastronômicas. Os jornais publicam todos os dias histórias de jovens em busca do estrelato na passarela, que terminaram morrendo por causa desta obsessão com o peso.
Lembrem-se que durante milênios lutamos para não passar fome. Quem inventou esta história de que todos precisam ser magros a vida inteira?
Vou responder: os vampiros da alma, que pensam ser possível parar a roda do tempo. Não é possível. Usem a energia e o esforço de uma dieta para alimentarem-se do pão espiritual, e continuem desfrutando (com moderação, insisto mais uma vez) dos prazeres da boa mesa. Ano passado fiz uma série de colunas sobre os pecados capitais, e a gula era um deles. Mas o que é exatamente a gula? Uma obsessão.
Idem para a dieta. E neste momento, os dois extremos se encontram e se tornam nocivos à saúde. Enquanto milhões de pessoas passam fome no mundo inteiro, vemos gente provocando isso porque, em algum momento, alguém decidiu que ser magro é a única opção de juventude e beleza.
Ao invés de queimar artificialmente estas calorias, devemos procurar transformá-las em energia necessária para a luta pelos sonhos; ninguém ficou magro por muito tempo só por causa de uma dieta.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Vida após vida.


de Benvindo Sequeira.
Sempre pensei que ia morrer cedo. A luta armada, a clandestinidade, aventuras, promiscuidade, orgias, riscos... Tudo me levava a crer que não chegaria aos 30 anos. Para quem tem 20 anos, quem tem 30 já é coroa. Tomei um susto quando vi-me vivo e saudável aos 30. Aos 40 percebi a possibilidade real da morte. No dia do meu aniversário quarentão, um jovem ator de 24 anos perguntou como eu me sentia: “Agora? De frente para a morte.” Para minha surpresa foi o jovem quem morreu logo depois.
Aos 50 apaixonei-me pela letra de Aldir Blanc na voz de Paulinho da Viola: “Aos 50 anos, insisto na juventude...”, isso enquanto percebia meu ângulo peniano caminhando para os 90 graus. Mas, antes dos 60, a pílula azul alargou minhas possibilidades e possibilitou-me ver o sexo por ângulos mais estreitos.
Agora estou além dos 60. Aos 40 rezava pela alma dos mortos amigos e parentes. Nome por nome eu pedia ao Senhor. Hoje, são tantos os que caíram, que apenas peço “pelos mortos em geral”. E mais uma vez espanto-me por estar ainda vivo, e consolo-me no Salmo 91.7, que diz: “Mil cairão ao teu lado e dez mil à sua direita, mas você não será atingido.” Mesmo confiando na Palavra, ainda assim caminho embaixo de marquises pra São Pedro não me ver.
Ainda estou vivo, e pra quem pensou que morreria aos 30 descubro que existe vida após a vida. Mas o preço do viver é muito alto para o jovem de hoje: tem que comprar apartamento, arranjar um trampo, ganhar dinheiro, ficar famoso, comer todas, bombar no iutube, malhar, casar, ter filhos, comprar carro, estar bronzeado, conhecer tudo de web e ainda ir ao show da Madonna, entre outras miudezas.
Após os 60 você já está quite com tudo isso e pensa que vai viver em paz. Qual o quê: tem que tomar insulina, antidepressivos, rivotris, controlar a pressão, não comer açúcar, não comer sal, não fumar, não beber, se conseguir comer uma e outra já é uma vitória, tem que caminhar ao menos meia hora por dia, cuidar do joanete, dormir cedo,vender o apartamento, fugir da bolsa, não discutir no trânsito, não se alterar no caixa do supermercado, tolerar os filhos, agradar os netos, ficar calado diante da mediocridade, aceitar o salário de aposentado, ter o testamento em dia e curtir todas as dores ósseas, nervosas e musculares porque se algum dia você acordar sem dor é porque está morto.
Claro que o idoso tem suas vantagens: uma delas é a transparência. Quanto mais velho, mais transparente você se torna. Chega a ficar invisível: ninguém mais lhe percebe, mais um pouco e nem lhe enxergam. Mas pode passar à frente dos jovens nas filas todas, com aquele ar de superior: “Você é jovem e sarado, mas eu tenho prioridade.” E ante qualquer aborrecimento ou dificuldade você ameaça infartar ou ter um AVC. Funciona sempre, todos logo se tornam gentis e cordatos, e é garantia de muitas meias e lenços como presentes no Natal.
Lidando com a minha “terceira idade” ouço de meu psicanalista, o bom Luiz Alfredo: “Só há dois caminhos: envelhecer... o outro, muito pior.” Prefiro envelhecer, aceitando cada minúsculo “sim” que a vida me dá com uma grande alegria e uma grande vitória.
Hoje, quando encontro vaga num elevador de shopping, quando o banco está vazio, ou quando encontro promoção na farmácia, já considero uma bênção gigantesca e agradeço a Deus pela graça alcançada.
Após os 60, como no filme de Brad Pitt, regrido na existência, deixo Paulinho e a viola de lado e reencontro Lupiscinio: “Esses moços, pobres moços, ah, se soubessem o que eu sei.” Mas se soubessem não ia adiantar nada: porque a sabedoria é filha do tempo. Como
diz o amigo Percinotto, também idoso: “O diabo é sábio porque é velho.”
Pelo andar da carruagem, percebo que já morri muitas vezes nesta vida, e que viverei até fartar-me.
* Bemvindo Sequeira é autor, ator e diretor de teatro e TV

domingo, 12 de outubro de 2008

CRISE. Você prefere com o sem açúcar?

F?NAZCA SAATCHI & SAATCHI – publicado no jornal O GLOBO de domingo, 12/10/2008.

“Nós já enfrentamos e sobrevivemos a muitas crises. Talvez já tenhamos perdido as contas sobre o número e a origem delas. Mas as malditas já nos surpreenderam diversas vezes enquanto assobiávamos distraídos virando algumas dessas esquinas da vida. Algumas, foram provocadas pelo petróleo, outras, pela Rússia ou pela China, a maioria, gerada internamente, já que em matéria de crise, o Brasil, sempre foi auto-suficiente. A tal ponto que, se não chegamos a ser fraternos amigos – nós e a crise- também não podemos negar que tenhamos nos tornado íntimos conhecidos.
Nenhuma crise é igual à outra. Essa que chegou com toda a força, agora, certamente é a mais diferente de todas. Porque o Brasil não tem um pingo de responsabilidade sobre o que está ocorrendo e porque o Brasil está no seu melhor momento economicamente falando. O Brasil nunca esteve tão em dia com as suas obrigações, o dever de casa feito, com um mercado interno tão forte, com empresas tão sólidas, modernas e competitivas e com as suas instituições tão garantidas, para encará-la.
Mas isso não nos exime das conseqüências da crise. Que, por sinal, é também uma das mais potentes e destruidoras das que se tem notícia em quase u século. Ela já está sendo dura e será ainda mais devastadora, não precisamos ser profetas para prevê-lo.
Então o que nos resta fazer?
O óbvio é termos medo, nos enclausurarmos, rezarmos para diferentes deuses, de diferentes religiões, ficarmos imóveis acreditando que qualquer mínimo movimento pode ser fatal para ela nos alcançar e, assim, esperarmos, até que ela passe.
Demitir, cortar investimentos, reduzir a produção, suspender novos projetos, reprimir os movimentos de inovação, não acreditar num retorno inesperado da demanda, também são boas e óbvias idéias. Talvez, algumas tenham mesmo que ser feitas, quem sabe!
Mas também há inóbvio, por mais que, obviamente, a palavra inóbvio não exista. E não existe por quê? Porque ninguém a disse antes, vai saber.
E é aí que reside o intuito deste nosso anúncio: apelar para os que acreditam que o inóbvio existe. Não só existe, como pode ser feito neste exato momento onde o óbvio é o que todos pensam, todos fazem, todos professam e todos aconselham.
O intuito deste anuncio é, humildemente, tentar criar uma minúscula fagulha de otimismo, de esperança – nossa velha, desgastada, mas essas sim, querida amiga em todos os nossos céleres momentos de crise – para que ela se dissemine, se instale na nossa cabeça, nas nossas empresas, na nossa sociedade, mesmo lutando contra este poderoso inimigo, que tão facilmente gosta de se instalar nesses mesmos lugares ao menor sinal de que o pior pode acontecer.
O intuito deste anúncio é despertar o empreendedorismo que sempre caracterizou o empresariado brasileiro,a coragem que sempre foi a marca registrada das nossas empresas, a capacidade inesgotável de reinvenção que sempre foi o norte dos vencedores neste nosso país.
E também é o intuito deste anúncio demonstra que um marketing original é a mais poderosa fonte de energia, capaz de gerar as transformações que uma empresas precisa num momento de crise.
Nós acreditamos piamente nisso.
Esse é o nosso óbvio.
Acreditamos que se esse não é o momento de inovar, que outro será? Acreditamos que se esse não é o momento de ser e parecer diferente dos seus concorrentes, que outro haverá de ser?
Acreditamos que se não for essa a hora de falar, enquanto muitos se calam de medo, que outra hora estará à nossa disposição para fazê-lo?
Uma grande idéia, única, diferente do óbvio, sempre foi e sempre será o detentor mais valioso – e menos oneroso – para se mudar a história, o humor, a fé, a determinação e o otimismo interno de uma empresa.
È isso que nós defendemos para os nossos clientes e que queremos externar para o Brasil inteiro de hoje. Porque tivemos a presunção de que se nós pensamos assim, talvez você, talvez mais gente por aí também pense do mesmo jeito. E nós adoraríamos poder contar com mais gente, mais empresários, mais cidadãos para ajudara contrariar o óbvio, a não aceitar passivamente em todas as suas piores conseqüências o medo, pelo medo.
Crise nós já enfrentamos e, queiramos ou não, ainda enfrentaremos essa um bom tempo e outras por muitas vezes.
O que deve nos mover é a visão de como nós queremos ser percebidos assim que mais uma vez nós sairmos dela.
De pé, ou de cócoras.
Na crise, já disseram muitos, é que se separam os homens dos meninos. Ou seja, crise, pode ser café pequeno para os homens.
Nós gostamos com açúcar.”