terça-feira, 20 de abril de 2010

A educação do brasileiro. A voz do cidadão e o valor do dinheiro.

Autor desconhecido

Todos nós sabemos que o sucesso de um povo não é definido pela extensão territorial do pais que ocupa, pelas riquezas naturais que possuiu ou por quão antiga seja a sua história. O que define o sucesso de um povo é o seu acesso à educação de qualidade.
A educação do brasileiro é algo preocupante. Como convencer um cidadão de que ele não sabe algo e que precisa aprender, se ele não sabe que não sabe? Se ele não sabe que se souber, pode alcançar uma qualidade de vida melhor e se a ele foi negada a posse do conhecimento?
Durante 500 anos foi negado conhecimento e educação ao povo brasileiro. Durante 500 anos de cultura patriarcal foi ensinado ao menos favorecido que ele deve conformar-se com sua situação. Que deve se colocar em seu lugar. Mudar essa leitura que o brasileiro faz de si mesmo não é trivial.
A começar que o brasileiro comete o lamentável equivoco de confundir a posse de conhecimento com a posse de bens. Ele considera que adquirir conhecimento pode ser simplesmente um meio de suprir uma necessidade ou alcançar sucesso financeiro. Ele não considera que a obtenção do conhecimento pode ser uma fonte inesgotável de prazer e realização. Que pode dar ele uma vida mais produtiva, relacionamentos mais saudáveis e decisões mais equilibradas. Para ele todo valor está no dinheiro, no carrão, na casa de praia igual a da novela das oito, no pagamento das contas da mulherada que ele pode atrair quando tem dinheiro ou dos amigos na mesa de bar. O valor não está na posse do conhecimento que pode fazer toda a diferença, que lhe dá liberdade e poder de escolha.
Além disso, há o equívoco de quem ensina pensar que pode ser diminuído na sua capacidade se o aluno tiver um aproveitamento excepcional, como se o prazer de ensinar não fosse justamente o do aluno equiparar-se a seu mestre e superá-lo.
Como é que se vai permitir que o outro, seja um igual? Como o governante vai guiar o povo, se o povo aprender a guiar sua própria vida, seu próprio destino. E se o povo aprender a pensar?
O que é preciso entender é que o Brasil não é a terra, e que a terra sem a sua gente não é nada. O Brasil são as pessoas que povoam a terra, e que o valor de um povo não está nos bens materiais que possui, mas no conhecimento que possui e com o qual pode gerar riquezas.
Estamos na Era do Conhecimento. E agora? Como poderemos falar em vantagem competitiva para o nosso país, quando um percentual tão pequeno da população tem acesso à uma educação de qualidade? Quando nossos jovens saem da escola sem saber escrever e sem manipular as quatro operações básicas da matemática? Ao invés disso saem prontos para serem manipulados?
Acho que podemos começar enaltecendo a família, o lar. O pai, a mãe. Enaltecendo o trabalho, e ensinando que trabalhar e estudar são coisas boas. Zerando essa ética invertida de novelas que diz que trabalhar é para pobres, como se não houvesse honra no pobre que é trabalhador. Ensinando que há honra no trabalho, no respeito ao próximo e a natureza. Colocando valor naquilo que tem valor, e não no dinheiro, que é o resultado produzido pelo cidadão de valor.

Bibliografia:
CUNHA, Luiz Antônio. O golpe na educação. 11 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil(1930/1973). 28 ed. Petrópolis: Editora Vozes
CHAUI, Maria Helena. Convite à Filosofia

Um comentário:

marilza disse...

Vai ser difícil mudar essa mentalidade, pois para o governo a miséria e a ignorância são essenciais para a continuação das práticas de dominação do povo.