quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sol fora do verão também pode trazer danos para sua pele!

Autora: Dra. Marcela Benez (*)

Passado o verão, os dias característicos dessa época do ano, em grande parte do Brasil, tem sol menos forte, certa brisa e temperatura amena … Mas apesar do sol não ser tão intenso essa época do ano os cuidados em relação à exposição não podem ser esquecidos.

No verão é comum encontrar inúmeras matérias recomendando atenção com a pele. Etretanto, num país em que algumas regiões tem sol grande parte do ano, independente da estação, a sociedade deve tomar medidas de proteção da pele o ano inteiro. Vale lembrar que no Brasil o câncer de pele corresponde a cerca de 25% de todos os tumores malignos registrados, sendo a doença mais frequente, segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA.

Então para você que vai aproveitar esses dias mais agradáveis ou o próximo feriadão para pegar um bronzeado, entrevistamos a Dermatologista do Serviço de Dermatologia e Sifilografia do Hospital Universitário Pedro Ernesto-UERJ, Marcela Benez, para dar dicas de proteção para que você possa se proteger e prevenir problemas futuros.

Exposição ao sol – Como aproveitar melhor os dias de Sol sem trazer danos pra pele?

Dra. Marcela Benez: O Sol é fundamental para todos os seres vivos, pois é fonte de calor e luz, sem a qual seria impossível a origem e manutenção da vida. Entretanto, sabemos que a exposição ao sol traz danos à pele causando desde queimaduras, fotoenvelhecimento, agravamento de algumas doenças dermatológicas e até cânceres de pele. A radiação solar é composta pelos raios UVA, UVB e UVC. As proporções desses raios, que incidem sobre a terra, são modificadas pela atmosfera ao longo do dia. A luz solar que alcança terra tem uma concentração de UVA maior que UVB. Já o UVC é absorvido pela camada de ozônio. A incidência dos raios UVB é maior ao meio dia, quando o sol está a pino, enquanto os raios UVA possuem a mesma incidência durante todo o dia.

Então como se proteger contra os danos causados pelo sol?

Dra. Marcela Benez: A fotoproteção é um hábito que deve ser adquirido desde criança porque é a exposição acumulada durante toda a vida que irá levar ao câncer de pele e ao envelhecimente precoce na idade adulta. A fotoproteção deve ser diária e consiste no uso de filtro solar e acessórios que bloqueiam o sol como roupas adequadas, blusa de manga comprida, calça, chapéu, boné, sombrinha e barracas grossas. A exposição solar deve ser evitada entre 10 e 16 horas quando é maior a concentração de UVB. Portanto, para aqueles que gostam de praia e piscina, o ideal é freqüentar durante o período de 7 às 10 horas ou depois das 17 horas. Ao sair na rua procurar a sombra. Usar filtro solares com FPS maior que 30 e com proteção também contra os raios UVA todos os dias, inclusive nos dias nublados e, não apenas quando for à praia ou piscina. Usar uma quantidade generosa antes de sair de casa e se possível reaplicá-lo a cada 2 horas e após mergulhar. As crianças também devem se proteger ao se expor ao sol.

Evite exposição prolongada e repetida ao sol porque as queimaduras solares acumuladas durante a vida predispõem ao câncer de pele. Pessoas de pele muito claras e ruivas, raramente se bronzeiam, portanto, devem ter um cuidado maior e devem evitar exposição prolongada ao sol.

- Usar somente protetor solar já é satisfatório? Como se deve usar esse produto corretamente?

Dra. Marcela Benez: O uso apenas de filtro solares não é satisfatório. Usar filtro solar não significa estar imune ao sol porque a maioria das pessoas não usa corretamente o filtro solar e a maioria dos filtros protegem apenas contra os raios UVB. O filtro solar deve ser usado em quantidade generosa, teoricamente 2mg/cm² de pele e reaplicados a cada 2 horas e ao mergulhar. Os filtros resistentes a água também devem ser reaplicados. Lembrar de aplicar os filtros por toda a superfície corporal que vai ser exposta ao sol (orelhas, braços, colo dorso do pé, lábios e na cabeça no caso das pessoas calvas). Espalhar o filtro solar de maneira uniforme e abundante. Economia é sinônimo de proteção inadequada.

Alguns estudos têm mostrado que a população aplica menos da metade da concentração exigida e, portanto, recebe um nível muito menor de proteção do que a indicada pelo FPS. O FPS significa Fator de Proteção Solar e representa o tempo que pele consegue suportar sem formar eritema ao ser exposta ao sol. O FPS mede apenas a proteção contra UVB, responsável pela queimadura solar, mas não medem a proteção contra UVA. A proteção contra os raios UVA é medida pelo PPD (proteção contra a pigmentação tardia). Os filtros que possuem proteção contra os raios UVA apresentam no rótulo essa observação. Como já dito anteriormente, a fotoproteção não deve ser feita apenas com filtro, deve-se usar também roupas e acessórios adequados que bloqueiam o sol. Surfistas devem utilizar roupas de lycra escura para surfar e filtros solares físicos para a face (são mais aderentes). A fotoproteção tem que ser diária, inclusive em dias nublados.

Existem tentativas de uso de betacaroteno oral para proteção solar, mas a fotoproteção por este método ainda não é totalmente eficiente e comprovada.

Quais são os problemas mais comuns na pele decorrente da exposição excessiva ao sol nos últimos tempos?

Dra. Marcela Benez: A exposição prolongada ao sol primeiramente pode causar queimaduras e posteriormente o seu acúmulo durante a vida leva ao envelhecimento precoce, lesões pré-cancerosas e câncer de pele. Algumas doenças dermatológicas também são agravadas e desencadeadas pelo sol. A pele foto envelhecida e mais amarelada, ressecada, apresenta rugas, manchas brancas e escuras. O câncer da pele é o mais comum de todos os cânceres, sendo o melanoma o mais letal. É importante que se faça o auto-exame à procura de sinais e pintas que estejam mudando de cor e aumentando de tamanho. Lembrar de examinar as costas na frente do espelho. Caso isso esteja acontecendo é importante procurar o dermatologista para o tratamento adequado.

(*).Dra. Marcela Benez é Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, professora d Pós-graduação no Hospital Universitário Pedro Ernesto-UERJ e dermatologista do Serviço de Dermatologia e Sifilografia do HUPE/UERJ. 

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