segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Consumo; poder; status; prazer; subir na vida e rápido,…

Autor: Sergio L M Rocha

Na busca destes desejos, as pessoas, particularmente os jovens, não medem esforços para obtê-los.
Vale tudo!
Possuir um “curriculum” extenso e diversificado, várias faculdades, vários títulos em pós, MBA’s e até mestrados, de preferência no exterior. Falar vários idiomas, se possível, até o mandarim. Jogar na bolsa, loterias, cassinos, aceitar a corrupção como algo natural, traições, infidelidades, frieza, pisar no pescoço da própria mãe, irmão ou quem quer que se coloque no caminho, “passar por cima” como se diz.
Os exemplos e ensinamentos de muitos pais, nas escolas, nas universidades e nas empresas, lamentavelmente, oferecem e estimulam esta tendência no modo de pensar e agir dos jovens.
No mundo moderno, a competição e o seu símbolo sagrado “The number one”, passou a ser o modelo de comportamento das pessoas, particularmente dos jovens.
Pais cobrando, dos filhos, resultados nunca inferiores ao lugar mais alto dos pódios, quer nas escolas, nos cursos de idiomas, nos esportes praticados, nos concursos ou em qualquer situação onde o jovem tenha ou seja meta a competir. Gerentes, chefes, treinadores, instrutores, professores, exigindo cada vez mais resultados idênticos de todos os integrantes da turma, equipe, time ou que nome tenha.
Jovens estressados, atenuados, cansados, irritados, agressivos, alucinados, “workaholics”, “studentholics”, rebeldes, explosivos, desligados, que acabam por não viver a fase da adolescência ou a do jovem adulto. Ainda inexperientes, mas se achando em condições de se tornar o “dono do mundo” em pouco anos, quem sabe antes dos trinta, na verdade se sentindo “velho” aos 25 anos.
Muitos buscando, nas drogas, um momento de desligamento, porém aumentando de forma exponencial a sua própria destruição.
Com raríssimas exceções, baseiam suas vidas no tripé, família, lazer e trabalho, de forma equilibrada e ajustada à fase vivida no momento.
Querem ter tudo e ser tudo, muito rapidamente. Não aceitam esperar, aliás não admitem esperar.
Poupar?
O que significa isto, para um jovem hoje em dia?
Aplicam os seus salários, suas mesadas, seus prêmios, o dinheiro obtido seja de forma, lícita ou ilícita, na obtenção do que desejam ou naquilo que a mídia estimula ou aponta como diferencial na sociedade.
Querem consumir, necessitam consumir, precisam se destacar, seja que de forma for, e é claro que o caminho do menor esforço, é o preferido.
São jovens se prostituindo, traficando, se corrompendo, esmolando e até roubando, seja o dinheiro alheio, seja a própria juventude, seja a própria saúde, …
mundo onde faltam empregos e se exige cada vez mais para obtê-los, onde faltam oportunidades para todos, mesmo para muitos daqueles que, como disse no início deste texto, possuem um “curriculum” invejável, digno e vasto, as fórmulas mágicas para a obtenção de riquezas, à curtíssimo prazo, representam verdadeiras armadilhas para àqueles que sucumbem à ganância e à ambição.
No mundo moderno, a saída para o ganho fácil e rápido, lamentavelmente, sempre servirá de estímulo para a maioria das pessoas.
Não é raro, hoje em dia, um jovem preferir continuar no ócio a aceitar um emprego que não lhe ofereça a possibilidade de ganhos que lhe permitam realizar os seus desejos, referem ficar sob as asas dos pais, da família.
Aliás, isto é algo que se alastra pela sociedade numa velocidade muito alta. O emprego está deixando de ser um objeto de desejo para muitos e os pedintes estão aí para demonstrar o que falo. Você oferece dinheiro ele agradece e fica feliz, você oferece alimento ou trabalho ele te xinga ou agride.
O consumismo domina a sociedade moderna e continuará dando as cartas, até que uma nova ordem econômica se estabeleça no mundo, talvez quem sabe, face aos níveis alarmantes da destruição do nosso planeta, provocada pelo capitalismo selvagem desvairado, que nos domina e assola.
O dinheiro sempre moveu o mundo e não faço a menor idéia quando deixará de fazê-lo, portanto é utópico imaginarmos um mundo sem ele ou sem o poder que possui.
Creio que a saída esteja na educação das pessoas para o consumo e a obtenção de poder, daí a sugerir alguns conselhos que recebi de meu pai e que muito me valeram e valem até hoje:

1- Temos que consumir aquilo que podemos e não aquilo que desejamos;
2- Temos que aprender a representar o valor financeiro daquilo que desejamos consumir, como um percentual do nosso salário ou renda e o que irá representar em nosso orçamento;
3- Precisamos aprender a poupar para ter, a esperar, a conter o nosso imediatismo;
4- Temos que agir como banqueiros ou agiotas para nós mesmos;
5- Temos que nos conscientizar do que somos no momento e a nos aprimorar para progredir. Em outras palavras, um filhote de uma águia não pode voar ou caçar, como os adultos o fazem, enquanto não tiverem a estrutura e a experiência necessárias para tal;
6- Temos que aceitar as diferenças entre as pessoas: as minhas qualidades podem ser os defeitos do outro e vice-versa. Não existem duas pessoas exatamente iguais;
7- Devemos dominar nossas ambições e jamais nos deixarmos dominar por elas. Ter ambições é uma coisa, ser ambicioso é outra;
8- A harmonia familiar e a saúde do nosso corpo são vitais para o nosso sucesso na vida;
9- O lazer, assim como o sono, é indispensável à recuperação e ao combate ao estresse vivido no dia-a-dia;
10- O ganho fácil deve sempre ser visto com desconfiança. Melhor acreditar nas nossas intuições do que nas dos outros.
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(*) Sergio L M Rocha - administrador de empresas e consultor.

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