domingo, 12 de outubro de 2008

CRISE. Você prefere com o sem açúcar?

F?NAZCA SAATCHI & SAATCHI – publicado no jornal O GLOBO de domingo, 12/10/2008.

“Nós já enfrentamos e sobrevivemos a muitas crises. Talvez já tenhamos perdido as contas sobre o número e a origem delas. Mas as malditas já nos surpreenderam diversas vezes enquanto assobiávamos distraídos virando algumas dessas esquinas da vida. Algumas, foram provocadas pelo petróleo, outras, pela Rússia ou pela China, a maioria, gerada internamente, já que em matéria de crise, o Brasil, sempre foi auto-suficiente. A tal ponto que, se não chegamos a ser fraternos amigos – nós e a crise- também não podemos negar que tenhamos nos tornado íntimos conhecidos.
Nenhuma crise é igual à outra. Essa que chegou com toda a força, agora, certamente é a mais diferente de todas. Porque o Brasil não tem um pingo de responsabilidade sobre o que está ocorrendo e porque o Brasil está no seu melhor momento economicamente falando. O Brasil nunca esteve tão em dia com as suas obrigações, o dever de casa feito, com um mercado interno tão forte, com empresas tão sólidas, modernas e competitivas e com as suas instituições tão garantidas, para encará-la.
Mas isso não nos exime das conseqüências da crise. Que, por sinal, é também uma das mais potentes e destruidoras das que se tem notícia em quase u século. Ela já está sendo dura e será ainda mais devastadora, não precisamos ser profetas para prevê-lo.
Então o que nos resta fazer?
O óbvio é termos medo, nos enclausurarmos, rezarmos para diferentes deuses, de diferentes religiões, ficarmos imóveis acreditando que qualquer mínimo movimento pode ser fatal para ela nos alcançar e, assim, esperarmos, até que ela passe.
Demitir, cortar investimentos, reduzir a produção, suspender novos projetos, reprimir os movimentos de inovação, não acreditar num retorno inesperado da demanda, também são boas e óbvias idéias. Talvez, algumas tenham mesmo que ser feitas, quem sabe!
Mas também há inóbvio, por mais que, obviamente, a palavra inóbvio não exista. E não existe por quê? Porque ninguém a disse antes, vai saber.
E é aí que reside o intuito deste nosso anúncio: apelar para os que acreditam que o inóbvio existe. Não só existe, como pode ser feito neste exato momento onde o óbvio é o que todos pensam, todos fazem, todos professam e todos aconselham.
O intuito deste anuncio é, humildemente, tentar criar uma minúscula fagulha de otimismo, de esperança – nossa velha, desgastada, mas essas sim, querida amiga em todos os nossos céleres momentos de crise – para que ela se dissemine, se instale na nossa cabeça, nas nossas empresas, na nossa sociedade, mesmo lutando contra este poderoso inimigo, que tão facilmente gosta de se instalar nesses mesmos lugares ao menor sinal de que o pior pode acontecer.
O intuito deste anúncio é despertar o empreendedorismo que sempre caracterizou o empresariado brasileiro,a coragem que sempre foi a marca registrada das nossas empresas, a capacidade inesgotável de reinvenção que sempre foi o norte dos vencedores neste nosso país.
E também é o intuito deste anúncio demonstra que um marketing original é a mais poderosa fonte de energia, capaz de gerar as transformações que uma empresas precisa num momento de crise.
Nós acreditamos piamente nisso.
Esse é o nosso óbvio.
Acreditamos que se esse não é o momento de inovar, que outro será? Acreditamos que se esse não é o momento de ser e parecer diferente dos seus concorrentes, que outro haverá de ser?
Acreditamos que se não for essa a hora de falar, enquanto muitos se calam de medo, que outra hora estará à nossa disposição para fazê-lo?
Uma grande idéia, única, diferente do óbvio, sempre foi e sempre será o detentor mais valioso – e menos oneroso – para se mudar a história, o humor, a fé, a determinação e o otimismo interno de uma empresa.
È isso que nós defendemos para os nossos clientes e que queremos externar para o Brasil inteiro de hoje. Porque tivemos a presunção de que se nós pensamos assim, talvez você, talvez mais gente por aí também pense do mesmo jeito. E nós adoraríamos poder contar com mais gente, mais empresários, mais cidadãos para ajudara contrariar o óbvio, a não aceitar passivamente em todas as suas piores conseqüências o medo, pelo medo.
Crise nós já enfrentamos e, queiramos ou não, ainda enfrentaremos essa um bom tempo e outras por muitas vezes.
O que deve nos mover é a visão de como nós queremos ser percebidos assim que mais uma vez nós sairmos dela.
De pé, ou de cócoras.
Na crise, já disseram muitos, é que se separam os homens dos meninos. Ou seja, crise, pode ser café pequeno para os homens.
Nós gostamos com açúcar.”

2 comentários:

Claudio P. Vieira disse...

Muito bom artigo! Valeu! Eu particularmente concordo com o autor, até mesmo porque quando o estupro é inevitável, a única coisa a se fazer é relaxar e aproveitar.
No caso do Brasil, em termos de ações governamentais, há muito pouca coisa a ser feita, apenas medidas pontuais para tentar gerenciar os efeitos da cagada alheia.
Quanto ao empresariado em geral, aqueles que forem criativos e pró-ativos terão uma grande chance de faturar com a crise.

João disse...

Sergio,

O que fazer quando a crise instala-se?
Só uma coisa,actuar para que ela passe,neste caso este empreendedorismo é o caminho a seguir sem hesitação.
Quando a dificuldade aparece é altura para levantar os braços e agir.

Abraço amigo,
joao