DOM JOÃO DE ORLEANS E BRAGANÇA
O Globo - 07/08/2009
“Que saiam democraticamente da vida institucional brasileira estes senhores e senhoras, famiglias feudais que insistem em misturar o público e o privado, para quem o “Brasil não é um país de todos”, é mais deles. São passado e não podem continuar no presente.
Que saiam filhos, netos, namorados, indicados, apadrinhados, apaniguados, contratados com nepotismo cruzado, com orçamentos superfaturados.
Que sejam julgados. Que todos sejam tratados como pessoas comuns independentemente de suas biografias. Somos todos iguais.
Que entrem para a política cada vez mais idealistas e patriotas. Que os conselhos de ética sejam de ética e não um teatro. Que ninguém se lixe para a opinião publica.
Que caixa 2 não seja usado sistematicamente pelos partidos políticos.
Que não precisem enfiar a mão na m…. para fazer política.
Que não se aceite a política como ela é hoje. Que se respeite 190 milhões de brasileiros. Que não se admita que os meios justifiquem os fins.
É a porta aberta para o autoritarismo.
Que não se use milhares de cargos públicos para abrigar políticos incompetentes.
Que nos indignemos com as conversas cifradas, às escondidas, por telefone, entre os quadrilheiros que combinam negócios públicos em beneficio próprio. Minha admiração pelo Ministério Público e pela Policia Federal. Que não se julgue políticos só pelo que eles fazem durante o mandato, e sim pelo que eles fizeram durante a vida. Caráter e ética não têm prazo fixo.
Que os formadores de opinião e intelectuais que tanto lutaram durante a ditadura continuem presentes deixando partidos e ideologia em segundo lugar.
O Brasil vem em primeiro.
Que a alternância de poder cada vez mais enriqueça o debate político e promova o surgimento de novas lideranças.
Que se fortaleça a independência dos Poderes e não se aceite interferência. É um dos pilares da democracia.
Que se lute pela defesa da Res-Pública.
Onde estão os valores republicanos? Não é republicano defender os senadores Sarney, Renan e Jader Barbalho, afundados em denúncias e claros indícios de ilegalidade e imoralidade.
Que se questionem aqueles que brigaram, se xingaram, se denunciaram e hoje se abraçam pela política mesquinha.
Que não se venda a alma ao diabo pela governabilidade. A normalidade institucional e os brasileiros pagarão por estes pecados.
Que se pense mais na próxima geração do que na próxima eleição. Que os políticos sejam e pareçam honestos.
Que se fortaleçam cada vez mais as instituições de Governo e de Estado.
Montesquieu dizia no século XVIII : “O Estado moderno deve converter as virtudes pessoais em virtudes institucionais.” Que o fim da impunidade seja o começo e causa principal para esta mudança com a criação de uma secretaria especial, independente, com promotores e juízes e a finalidade específica de investigar e indiciar nos processos que envolvam a esfera pública, com penas mais pesadas para quem lesa o país.
Que acabe o foro privilegiado (para crimes comuns) que envolvam políticos tirando dos tribunais superiores os processos que não andam pela falta de agilidade e excesso de recursos.
Que os cargos de administração no Senado e na Câmara de deputados sejam ocupados por concursados com mandatos curtos.
Que tenha limitação constitucional a indicação política para cargos públicos.
Na Inglaterra são 300, o resto são técnicos de carreira. Nos EUA são perto de 10.000 em todo o país.
Que haja descentralização econômica na esfera federal. Há uma promiscuidade enorme entre forças políticas que dependem de verba, tanto nos repasses aos estados quanto nas emendas ao orçamento que viram moeda de troca nas votações importantes para o governo.
Estas emendas existem em vários países, mas passam por uma comissão de avaliação independente.
Uma pesquisa que faz parte do livro “A cabeça do brasileiro”, do professor Alberto Carlos Almeida, mostra como a “zona cinzenta moral”, o “jeitinho” e a corrupção são cada vez menos aceitos à medida que os índices de escolaridade aumentam. Tanto no jeitinho quanto na corrupção “ignorou-se um principio geral: a necessidade de se seguir regras e leis. A diferença entre ambos é de grau, mas não de conteúdo”.
O professor diz ainda que “está em curso uma importante mudança nos padrões morais do Brasil à medida que as gerações se sucedem”. Acesso a informação, escolaridade e educação são o caminho para este quadro continuar a mudar.
É possível! Podemos chegar perto disso. Passamos por dois períodos importantes de nossa história recente.
A luta pela democracia. Conseguimos! A estabilidade da moeda, tornandose prioridade de estado, e não só de governo, fazendo com que 45 milhões de pessoas ascendessem socialmente nos últimos 15 anos.
Acredito que estamos no período de varrer as quadrilhas públicas. Nunca chegaremos à perfeição. Nenhum país chegou, mas podemos avançar muito.
Estamos diante de dois quadros sobre o mesmo tema. O ruim são os inimigos públicos de terno e gravata, com suas unhas esmaltadas e cabelos pintados (nem todos), que, articulados, falam nos telejornais, vão às cerimônias e são aliados do governo de plantão, mas não são aliados do Brasil, nem da ética, pelo contrário, se defendem, enriquecem às custas de obras públicas, licitações dirigidas, concessões e empreiteiras legislando em causa própria. São as raposas tomando conta do galinheiro.
O quadro bom são a transparência e as liberdades para que possamos ver estes tumores abertamente. É um grande avanço detectar e se indignar.
O Brasil precisa daqueles que sirvam ao país, não daqueles que se servem.
Tudo isto é a minha opinião de cidadão brasileiro, que, como todos, tem direitos e obrigações, a começar pelo respeito ao Brasil .
OBS: O termo “quadrilha” foi usado em entrevistas por vários presidentes nos últimos 20 anos para qualificar uns aos outros. Os mesmos que confraternizam hoje.”
O Globo - 07/08/2009
“Que saiam democraticamente da vida institucional brasileira estes senhores e senhoras, famiglias feudais que insistem em misturar o público e o privado, para quem o “Brasil não é um país de todos”, é mais deles. São passado e não podem continuar no presente.
Que saiam filhos, netos, namorados, indicados, apadrinhados, apaniguados, contratados com nepotismo cruzado, com orçamentos superfaturados.
Que sejam julgados. Que todos sejam tratados como pessoas comuns independentemente de suas biografias. Somos todos iguais.
Que entrem para a política cada vez mais idealistas e patriotas. Que os conselhos de ética sejam de ética e não um teatro. Que ninguém se lixe para a opinião publica.
Que caixa 2 não seja usado sistematicamente pelos partidos políticos.
Que não precisem enfiar a mão na m…. para fazer política.
Que não se aceite a política como ela é hoje. Que se respeite 190 milhões de brasileiros. Que não se admita que os meios justifiquem os fins.
É a porta aberta para o autoritarismo.
Que não se use milhares de cargos públicos para abrigar políticos incompetentes.
Que nos indignemos com as conversas cifradas, às escondidas, por telefone, entre os quadrilheiros que combinam negócios públicos em beneficio próprio. Minha admiração pelo Ministério Público e pela Policia Federal. Que não se julgue políticos só pelo que eles fazem durante o mandato, e sim pelo que eles fizeram durante a vida. Caráter e ética não têm prazo fixo.
Que os formadores de opinião e intelectuais que tanto lutaram durante a ditadura continuem presentes deixando partidos e ideologia em segundo lugar.
O Brasil vem em primeiro.
Que a alternância de poder cada vez mais enriqueça o debate político e promova o surgimento de novas lideranças.
Que se fortaleça a independência dos Poderes e não se aceite interferência. É um dos pilares da democracia.
Que se lute pela defesa da Res-Pública.
Onde estão os valores republicanos? Não é republicano defender os senadores Sarney, Renan e Jader Barbalho, afundados em denúncias e claros indícios de ilegalidade e imoralidade.
Que se questionem aqueles que brigaram, se xingaram, se denunciaram e hoje se abraçam pela política mesquinha.
Que não se venda a alma ao diabo pela governabilidade. A normalidade institucional e os brasileiros pagarão por estes pecados.
Que se pense mais na próxima geração do que na próxima eleição. Que os políticos sejam e pareçam honestos.
Que se fortaleçam cada vez mais as instituições de Governo e de Estado.
Montesquieu dizia no século XVIII : “O Estado moderno deve converter as virtudes pessoais em virtudes institucionais.” Que o fim da impunidade seja o começo e causa principal para esta mudança com a criação de uma secretaria especial, independente, com promotores e juízes e a finalidade específica de investigar e indiciar nos processos que envolvam a esfera pública, com penas mais pesadas para quem lesa o país.
Que acabe o foro privilegiado (para crimes comuns) que envolvam políticos tirando dos tribunais superiores os processos que não andam pela falta de agilidade e excesso de recursos.
Que os cargos de administração no Senado e na Câmara de deputados sejam ocupados por concursados com mandatos curtos.
Que tenha limitação constitucional a indicação política para cargos públicos.
Na Inglaterra são 300, o resto são técnicos de carreira. Nos EUA são perto de 10.000 em todo o país.
Que haja descentralização econômica na esfera federal. Há uma promiscuidade enorme entre forças políticas que dependem de verba, tanto nos repasses aos estados quanto nas emendas ao orçamento que viram moeda de troca nas votações importantes para o governo.
Estas emendas existem em vários países, mas passam por uma comissão de avaliação independente.
Uma pesquisa que faz parte do livro “A cabeça do brasileiro”, do professor Alberto Carlos Almeida, mostra como a “zona cinzenta moral”, o “jeitinho” e a corrupção são cada vez menos aceitos à medida que os índices de escolaridade aumentam. Tanto no jeitinho quanto na corrupção “ignorou-se um principio geral: a necessidade de se seguir regras e leis. A diferença entre ambos é de grau, mas não de conteúdo”.
O professor diz ainda que “está em curso uma importante mudança nos padrões morais do Brasil à medida que as gerações se sucedem”. Acesso a informação, escolaridade e educação são o caminho para este quadro continuar a mudar.
É possível! Podemos chegar perto disso. Passamos por dois períodos importantes de nossa história recente.
A luta pela democracia. Conseguimos! A estabilidade da moeda, tornandose prioridade de estado, e não só de governo, fazendo com que 45 milhões de pessoas ascendessem socialmente nos últimos 15 anos.
Acredito que estamos no período de varrer as quadrilhas públicas. Nunca chegaremos à perfeição. Nenhum país chegou, mas podemos avançar muito.
Estamos diante de dois quadros sobre o mesmo tema. O ruim são os inimigos públicos de terno e gravata, com suas unhas esmaltadas e cabelos pintados (nem todos), que, articulados, falam nos telejornais, vão às cerimônias e são aliados do governo de plantão, mas não são aliados do Brasil, nem da ética, pelo contrário, se defendem, enriquecem às custas de obras públicas, licitações dirigidas, concessões e empreiteiras legislando em causa própria. São as raposas tomando conta do galinheiro.
O quadro bom são a transparência e as liberdades para que possamos ver estes tumores abertamente. É um grande avanço detectar e se indignar.
O Brasil precisa daqueles que sirvam ao país, não daqueles que se servem.
Tudo isto é a minha opinião de cidadão brasileiro, que, como todos, tem direitos e obrigações, a começar pelo respeito ao Brasil .
OBS: O termo “quadrilha” foi usado em entrevistas por vários presidentes nos últimos 20 anos para qualificar uns aos outros. Os mesmos que confraternizam hoje.”
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